O diagnóstico de diabetes tipo 1 da pequena Maria Alice Schmidt de 3 anos, ainda em outubro do ano ado, transformou radicalmente a vida da menina e de seus pais, Dayanne Farias e Fernando Schmidt moradores de Porto União.
O susto foi grande: Maria Alice precisou ser internada na UTI após apresentar um quadro de acidose, uma complicação comum em casos de diabetes não diagnosticada. Foram dias difíceis, cheios de dúvidas, medo e incertezas.

Mas, em meio à dor e ao desconhecido, a família encontrou uma nova forma de lidar com o desafio – e também de ajudar outras pessoas.
A decisão de criar um canal no YouTube surgiu como uma maneira de compartilhar a rotina da filha e disseminar informações sobre a doença, especialmente voltadas para o universo infantil.
“Percebemos que quase não existem conteúdos voltados para crianças com diabetes tipo 1. A maioria dos casos é diagnosticada na infância, mas mesmo assim há pouca informação de fácil o e linguagem lúdica para os pequenos. Criamos o canal justamente por isso: para informar, acolher e, quem sabe, inspirar outras famílias”, contou Dayanne, em entrevista.
Ela relembra o momento do diagnóstico como um divisor de águas.
“Senti como se tivesse perdido o chão. A gente sai do hospital achando que a criança nunca mais poderá comer um monte de coisas, que vai viver cheia de limitações. Mas fomos estudando, aprendendo que é possível sim viver bem com diabetes. Tudo exige planejamento, atenção e muita dedicação.”
Hoje, a rotina da família gira em torno das necessidades da filha, que ainda é muito pequena. Isso torna o controle glicêmico um verdadeiro desafio, já que é difícil prever quanto ela irá comer ou como seu corpo irá reagir. A aplicação de insulina acontece diversas vezes ao dia — às vezes mais de cinco — e Maria Alice, surpreendentemente, demonstra coragem e independência, já tentando entender e até aplicar sozinha.
“A ideia é que ela cresça sabendo que pode tudo, como qualquer outra criança. E ela nos ensina isso todos os dias. Às vezes, ela mesma pede para fazer o exame ou se mostra curiosa com os cuidados”, relata a mãe.
A tecnologia tem sido uma grande aliada nesse processo. Maria Alice usa um sensor de monitoramento contínuo de glicemia, o que permite que Dayanne acompanhe os dados em tempo real, diretamente do celular, mesmo quando está no trabalho. Isso só é possível graças ao apoio de uma cuidadora que acompanha Maria Alice durante todo o dia — inclusive na escola.
“Ela precisa de acompanhamento 24 horas por dia. Como o pâncreas dela não funciona, nós fazemos esse papel. Quando ela vai para a escolinha, a cuidadora vai junto, observa, aplica a insulina se for necessário, e me mantém informada. É uma logística complexa, mas necessária”, explica.
Além de estudar sobre contagem de carboidratos e aprender na prática como lidar com o novo cotidiano, a família também começou a explorar o uso da inteligência artificial na produção de vídeos para o canal.
A ideia é transformar o conteúdo técnico em algo ível para pais, cuidadores e, principalmente, para crianças que am pela mesma situação.
Mesmo com pouco tempo desde o diagnóstico, Dayane acredita que a família já deu os importantes. “Ainda é tudo muito recente, mas a gente tem evoluído bastante. No começo foi assustador, mas hoje enxergamos que é possível ter uma vida boa, cheia de amor, cuidado e esperança.”
O canal da Maria Alice já começa a alcançar outras famílias, gerando identificação e apoio. Mais do que vídeos, é uma mensagem: com informação, empatia e coragem, é possível transformar o diagnóstico em aprendizado – e ajudar muitas outras pessoas no caminho.